segunda-feira, 2 de maio de 2011

Justiça foi feita

Estas três curtas palavras foram hoje pronunciadas com um deleite vitorioso durante o anúncio da morte do terrorista mais procurado do mundo, uma declaração categórica e friamente serena que ficará para a história como o grito solene de um povo que reclamava vingança há praticamente uma década. Porém, a bala que pôs fim à vida de Bin Laden, poderá não ter extinguido a chama imensa que ilumina e inspira os seus seguidores. Bin Laden era mais que um homem, era o símbolo de uma ideologia que não tolera os valores e os excessos do mundo Ocidental, de um fervor religioso que vê a presença estrangeira, imperialista e herética, em território árabe como uma declaração de guerra aos seus valores e tradições, o descendente de uma família abastada que recusou os privilégios que tal posição principesca lhe concederia na sociedade saudita para lutar ferozmente nas montanhas do Afeganistão ao lado dos mujahidin contra um Império sem alma e, crime dos crimes, sem religião. Um símbolo encerra em si um poder mobilizador que não se esvai com facilidade do panorama sociopolítico mundial, continua a suscitar paixões fervorosas e a reforçar ódios mesmo após a morte; o desaparecimento da face mais visível do terrorismo desde o onze de Setembro não tem como consequência automática a cessação do terrorismo e a desagregação da Al-Qaeda, das suas células, e dos grupos que nela se inspiraram. No fundo, os efeitos práticos desta vitória simbólica apenas poderão ser avaliados com o passar do tempo.

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