sexta-feira, 11 de março de 2011

Método Socrático


Eu sou um pária, um vácuo ideológico que corrompe uma cultura milenar sem qualquer espécie de pudor, o resquício de uma sociedade invisível para o comum dos mortais, imutável, narcisista, sem sensibilidade, com regras delineadas por uma moral, por uma ética risível, burlesca, somente aplicável a uma elite que se move num sistema em que o mérito é comprável, e não ganho, o talento inexistente, mas manobrável, o poder conquistado com um sorriso de escárnio puro, e em que as mentiras e as promessas vãs que vos vendo são ocultadas pela vossa própria permissividade, pelo vosso patético ócio intelectual.

Impondo a minha vontade, os meus delírios de grandeza, a quem desperdiça o pouco tempo que lhes é dado, neste meu Portugal, construo um microcosmos em que os sonhos, o esforço, os desejos de quem nele habita, o tal buraco escuro para o qual vos arrastei, são esmagados pelo meu ego, pela minha cegueira, qualidades que me são inatas e que mentes mais reaccionárias invocam para me apelidar de irresponsável, de irrealista, ou de arrogante, mas, curiosamente, nunca tolo, e tolo é o que sou, porque, como dizia o meu conterrâneo, eu não aspiro à beleza, ao bem, ou à felicidade espiritual, já que estou satisfeito comigo próprio. Não é, afinal, a perfeição o cume do processo evolutivo?

Eu não vos sirvo, vocês é que me servem. Eu não tenho em mente os vossos interesses, os interesses do meu Portugal; eu respondo a uma entidade mais poderosa do que o voto.

Eu sou o vosso futuro. O que é que vão fazer quanto a isso?


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